quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cota nas universidades: você é contra ou a favor?


Minha formação fundamental foi em uma boa escola pública (tempos dourados). Estudante dedicada, obtive aprovação para cursar nível médio-profissionalizante na “Escola Técnica”, atualmente conhecida como “Instituto Federal”.

Na “Escola” conciliei estudo com trabalho e juntei umas economias - o que permitiu parar de trabalhar para me dedicar ao vestibular. Conseqüentemente, fui aprovada na “Universidade Federal”, período em que retornei a conciliar estudo e trabalho.

Eu e vários colegas, incluindo provenientes de conceituados colégios particulares, tivemos dificuldade em assimilar determinadas disciplinas. Muitos desistiram no meio do caminho (tempos difíceis).


Lembro-me de um “programa de integração” para estrangeiros em que os “melhores” alunos poderiam cursar parte da graduação no Brasil e a outra parte em seus países de origem, em uma das universidades parceiras. Tive contato direto com alguns desses alunos - os que vinham de regiões com ensino deficiente mais pareciam ter sido selecionados unicamente pelo fator socioeconômico - a dificuldade em “acompanhar” o cronograma de estudos era alarmante (desconheço quem tenha conseguido ir até o fim). Ajuda por parte dos colegas e dos professores não faltava, mas era quase impossível igualar o ritmo de alunos que entravam na faculdade tendo como “bê-á-bá" aprender/aplicar Cálculo, com o ritmo de alunos que consideravam a fórmula de Bhaskara difícil (não é exagero, infelizmente). Não sei como se dava essa conexão em outras unidades acadêmicas, o que posso afirmar é que nos centros de Ciência e Tecnologia a experiência foi desastrosa.

Alguns anos passaram, consegui o canudo e voltei a sentir necessidade de avançar em minha jornada. Hoje, aspiro passar pelo funil de um concorrido concurso público e, para obter um melhor rendimento nos estudos, optei por trabalhar informalmente. Meu objetivo profissional exige “sacrifícios” e ainda não foi assistido pelas cotas - se assim fosse, recusaria (mesmo preenchendo vários quesitos para ser classificada como “minoria”).


Alguns cursos superiores exigem um ritmo acelerado de estudos. A acirrada disputa no mercado de trabalho requer isso e, para muitas profissões, o diploma de 3º grau significa apenas um das pré-condições. Então, o que adianta entrar em uma universidade e não ter subsídios para concluir o curso? Será que as medidas paliativas já foram pensadas? Trabalhos dirigidos, “n” provas de recuperação ou provas diferenciadas, aulas de reforço, diminuir a qualidade do ensino superior ou dilatá-lo em décadas? 




 

Defendo que a inclusão das “minorias” começará a ser possível quando o ensino, principalmente o de base, proporcionar uma eficiente absorção de conteúdo acadêmico, aliada a formação de alunos com espírito crítico e reflexivo. 

5 comentários:

  1. Acho q é um assunto muito delicado. Não tenho posição definida, embora ache o próprio sistema de cotas uma forma de discriminação. Mas por outro lado, o ensino público do Brasil está abaixo do particular, e nem todos tem condições de estudar em escolas privadas. Porém, não acho que as cotas sejam a solução.

    Se puder, visite: http://bolanooctogono.blogspot.com.br/

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  2. Reforçar o ensino de base nas escolas públicas é mesmo fundamental... é uma questão de respeito à cidadania...

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  3. Eu sou a favor das cotas sim. É uma forma muito boa de inclusão social e que beneficia pouquíssimas pessoas. Mesmo com as cotas não vejo muitos negros na universidade em que estudo. E aqueles que concorrem é porque querem estudar e correr atrás. todos sabem que a faculdade é uma dureza e o fato de ter vindo de uma escola de base ruim não pode ser um parâmetro para saber se a pessoa vai ou não ter sucesso. Mesmo com as cotas as universidades, tanto públicas como privadas continuam com poucos negros. Por isso sou muito a favor das cotas.

    gde abrsss
    Fernando dos Santos

    http://fernopinari.blogspot.com.br/

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  4. É complicado, eu, a minha pessoa, sou contra ao sistema de cotas. Já estudei em escolas privadas, até ao 4º ano do ensino fundamental, o sistema de cotas me impediu de entrar em 2 faculdades e eu perdi muito.
    Penso que eles facilitam para uns e dificultam para os outros, é injusto!
    http://textos-e-trechos.blogspot.com.br/

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  5. Sou a favor! Acho injusto pessoas terem vantagens para entrar na faculdade como o sistema das cotas, mas ainda existe muito preconceito e muita desigualdade social. O único jeito de integrar pessoas de outras classes a sociedade é conseguindo fazer pessoas que na perspectiva de vida nunca entrariam na faculdade. http://appdecelular.blogspot.com.br/

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