domingo, 6 de março de 2011

Carnaval

Mais um ano em que não me sinto contagiada pelo espírito carnavalesco. A cada ano, os festejos sofrem mutações que não consigo digerir. Compreendo que gerações vêm e vão e com isso são inevitáveis as mudanças nos costumes sócio-culturais, mas creio que mudanças só têm valor quando agregam valor.

O Carnaval para se ver, selecionado a dedo pela mídia, nunca me empolgou. Conheço e reconheço o importante trabalho para a realização de tal evento, principalmente para as comunidades envolvidas, mas esse trabalho está tão escondidinho nos bastidores que a principal infeliz imagem que fica (é imposta) na minha mente é bunda.  Imagino o que fica na mente de quem acha que Carnaval resume-se a quatro dias e meio de folga do trabalho e dos estudos.
É lamentável ver que boa parcela dos meios de comunicação (e da população) dê grande importância as “bundas engrandecedoras” da festa, o menor de todos os tapa-sexo (isso quando não cai um “por acidente”), as musas que serão fotoshipadas para a próxima edição de “nu artístico”, as músicas, bandas e cantores mais fúteis e efêmeros da vez.

Já o Carnaval para se brincar, o de rua, era o que costumava arrancar sorrisos meus, mas até esse começa a sofrer com as exigências do folião globalizado. Hoje, o Carnaval de rua está mais preocupado em agradar turistas e seguir modismos, as tradições regionais estão cedendo espaço para os ritmos e hits do momento. Em minha rua, por exemplo, teve até funk* no tradicional Desfile das Virgens. Nosso forrozinho* ganhou mais um adversário nos dias em que “o povo brasileiro é só samba*!”. Do jeito que as coisas vão, em breve, não fará a mínima diferença comemorar o Carnaval na cidade natal ou fora dela.
Tudo está ficando tão igual e, na minha opinião, quanto mais igual mais sem graça também.





* Tenho visto muitos posts por aí criticando funk, forró e samba. Não são meus ritmos preferidos, mas tenho apreço pelos mesmos (os DE RAIZ). Detesto generalizações; rotular um ou outro ritmo, aliás, o que quer que seja, tomando como amostra alguém, algo ou grupo ínfimo é injusto. O ibope não está preocupado com boa qualidade e sim com números, resta-nos diferenciar.    

11 comentários:

  1. carnaval atualmente é uma data para enriquecer o bolso do vendedor de cerveja, o dono de trio elétrico e essas bandas de axé,para mim nao tem mais sentido essa data...



    http://rfgamesx.blogspot.com/

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  2. caramba mto legal
    parabéns... falar o q
    nem tem o q dizer
    ótimo post
    seu blog tmbm é mto bom
    bem montado e tal
    parabéns novamente
    <>
    visite-nos e comente tmbm
    gostando siga e avise que retribuiremos
    se seguir deixe o aviso no comentário
    deixando o seu link para retribuirmos
    <>
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  3. Eu penso como você, e até acrescento que hoje as pessoas não sabem mais se divertir sem arrumar uma confusão, tudo acaba na delegacia. Pois é. Gostei do post, beijos.

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  4. Na Bahia é aquele elitismo, onde quem pode paga para vestir-se e participar de blocos. No Rio e SP é a mídia mais visível com suas 'musas siliconadas' que usam a festa para se promover e conseguir contratos. No fim, a festa que a princípio seria coletiva, tem apenas alguns felizes, enriquecidos com as verbas do governo, dinheiro da publicidade, venda de cerveja, discos. E quando isso acontece, já não é mais uma festa popular...

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  5. A banalização do Carnaval, serve apenas para mostrar uma festa que não é real. É utópica. Por tras de tudo isso existe uma podridão tamanha que infelizmente as pessoas parecem não entender.
    Enfim, há gosto para tudo.
    Carnaval já foi Carnaval um dia.

    Ótima semana e muito obrigado pelas palavras lá no blog.

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  6. O carnaval antigamente era usado apenas como desculpa para se fazer o que não era "socialmente permitido" no resto do ano. Hoje em dia está tudo tão liberado que até esta função do carnaval perdeu o propósito. Não critico quem goste, se empolgue, passe horas no trânsito, aperto em bloco, essas coisas... eu aproveito o feriado para descansar e visitar familiares.

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  7. Concordo com você e não vejo por onde melhorar, infelizmente. Vejo nossa cultura e nossa identidade se perdendo cada vez mais por um ideal financeiro. Obrigada pela visita. Beijos!

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  8. Ana
    Bom dia. Já deixei anteriormente meu breve comentário sobre sua postagem, porém, hoje é diferente.
    Todos os dias são especiais para as mulheres.
    Hoje é mais especial ainda (8 de Março).
    Parabéns!
    Abraço e tenha um ótimo dia.

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  9. sinto falta daquele carnaval da Clarice Lispector, aquele de Restos de Carnaval no Felicidade Clandestina. Na minha cidade quase nao tem nada mas costumava passar no litoral e a cosia era boa. Agora virou só um monte de gente atras de trio-eletrico, é quase um ano novo mais longo. A única festa que expressa a cultura brasileira ta se transformando em coisa nenhuma. Ainda sonho em passar o carnaval em salvador, antes que tudo se perca de vez.

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  10. Muito bom viu. òtima postagem, lúcida, coesa e fluente.
    Parabéns, estou seguindo.

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